segunda-feira, 15 de abril de 2013

Eu e o Feliciano

Quem diria que um dia Marco Feliciano seria o cara mais falado do Brasil? 



Jornais, telejornais, programas de TV (CQC, Pânico, Agora é Tarde), páginas amarelas da VEJA e até capa da IstoÉ. Diante dessa febre, não pude resistir à tentação de ir lá no fundo do baú e buscar essa foto minha com o Feliciano, pra dizer que sou muito amigo dele e que nós já jogamos muita bola juntos quando eu era criança pequena lá em Barbacena. 

 

Meu encontro com Marco Feliciano no GMUH em 2005. Naquele tempo ele tinha o cabelo duro, e eu ainda tinha cabelo.

 
É claro que eu tô brincando. Mas não se trata de uma montagem ou coisa assim. É real. Mas também não considero isso uma grande coisa, como se eu fosse um privilegiado entre os mortais em ter estado um dia ao lado de 'Vossa Eminência" o Deputado Pastor Marco Feliciano. Tanto é que tinha até me esquecido que tinha essa relíquia e só me lembrei agora que Feliciano é definitivamente o assunto do momento. Mas é claro que eu conheço o Marco, muito mais como pastor do quê como Deputado, e a pessoa dele marcou um período significativo da minha vida cristã, assim como a vida de grande parte dos membros das igrejas evangélicas do Brasil, principalmente do segmento chamado pentecostal. Nesse texto quero relembrar alguns episódios particularmente marcantes em relação à figura pública desse homem perturbador, e concluir com minha posição pessoal em relação à polêmica em torno do fato dele estar ocupando presidência da Comissão dos Direitos Humanos.

Me recordo que no ano 2000 eu era um recém convertido à fé evangélica e congregava na Assembléia de Deus de Colorado, eu fazia parte da mocidade da igreja e naquele ano fomos em caravana até a cidade de Andirá-PR para ouvirmos um jovem pregador quê estava despontando na época, o comentário era que o rapaz "falava a verdade'' e era "fogo puro".

Parte do nosso grupo da mocidade, em foto tirada na sacada do dormitório da Assembléia De Deus de Andirá- PR.


 Naquele ano ele havia sido destaque pregando no grande Congresso dos Gideões Missionários da Última Hora, evento de missões que acontece anualmente já a mais de 30 anos em Camboriú-SC. Foi com a mensagem entitulada "O sonho de José", pregada naquele evento, que o até então desconhecido Marco Feliciano fascinou a muitos com o seu jeito direto de falar e a sua capacidade ímpar de contar as histórias da bíblia de forma extremamente criativa, prendendo a atenção dos ouvintes.

Marco pregando "O Sonho de José", mensagem que o tornou famoso.


Em Andirá ele pregou a mesma mensagem do "Sonho de José' e os jovens ficaram vidrados, depois todo mundo queria que ele viesse pregar em Colorado. Agendamos com ele por telefone, arrecadamos dinheiro e chegamos a enviar a quantia da passagem do avião, mas em meio aos preparativos veio a decepcionante notícia de que o Marco não viria mais. O motivo informado aos jovens da igreja seria um outro convite que o pastor teria recebido para pregar em um evento maior. Na época aquilo nos deixou revoltados. Surpreendentemente, alguns dias depois do cancelamento, alguém da coordenação ligou para o próprio Marco para tirar satisfações e ele informou que não tinha desmarcado nada, mas que tinha recebido uma ligação do pastor da igreja desmarcando a vinda dele alegando falta de condições financeiras da igreja para arcar com as despesas decorrentes.

Só Deus sabe quem estava falando a verdade, mas uma coisa é certa; críticas, perseguição e boicotes não são novidades para Feliciano, talvez por isso ele esteja desdenhando e até debochando de toda esta revolta contra a sua posição na Comissão dos Direitos Humanos.

Por não ter " travas na língua", Feliciano era cortado de pregar em muitas igrejas, muitos presidentes de convenções das Assembléias de Deus proibiam os pastores subordinados de convidar ele para Congressos e afins. Me lembro que em Andirá mesmo, diziam que nunca mais o Marco ia pregar por ter dito que os pastores estavam "perdendo para os padres". Mas como tudo que é proibido é mais gostoso, a fama de Marco só crescia, todo mundo queria ouvi-lo "descer a lenha" nos pastores e nas "igrejas de Laodicéia", nome que era dado em suas pregações às igrejas que estavam na época se transformando naquilo que todas se tornaram hoje: casas de shows e entretenimento. Até do encontro do GMUH em Camburiú-SC, onde deu início a sua popularidade entre o público pentecostal, ele deixou de ser escalado em um determinado ano, isso porquê o líder daquele evento percebeu que muita gente ia lá só por causa da pregação do Marco Feliciano. E iam mesmo!  Dezenas de caravanas de todo o país desmarcaram a presença no congresso ao saberem da ausência do pastor. Resultado? Ele foi convidado de última hora para dar uma "palavrinha" de uma hora e desde então é presença confirmada todo ano. Tantos desafetos têm o pastor Marco entre os pastores que recentemente ele mesmo divulgou um vídeo onde revela que não foi ordenado pastor aqui no Brasil e sim nos E.U.A, pois ninguém teve "coragem" de dar essa honra a ele em seu próprio país.

 
Marco declara que não foi ordenado pastor no Brasil.

Mas voltando ao início da fama. Marco Feliciano também era um criador de "modismos". Uma leva de pregadores jovens se formava no estilo "Feliciano" de ser, copiando abertamente suas mensagens, orações, frases de efeito, e até o seu suspensório. Ah, o suspensório era sem dúvida a marca principal da imagem do pastor do "fogo". Uma coisa brega e fora de moda que ninguém mais usava a não ser velhinhos de bengala, mas que Feliciano fez se tornar ítem de consumo preferido da molecada que pregava na época, pois o Marco nunca se apresentava sem eles, todos variados nas cores e modelos. Emfim, a respeito de Feliciano não tinha meio termo, ou você gostava demais, ou odiava demais.

Suspensório, marca registrada de Marco no início da carreira.

E entre os que queriam ser Marco Feliciano estava EU. Nunca usei suspensório, mas até hoje tenho uma velha camisa roxa que na época comprei só porquê vi o Marco pregando com uma igual . Quando comecei a ter oportunidades de ministrar na igreja eu às vezes gostava de incentivar as pessoas com brados do tipo "SAI DA FRENTE SATANÁS", ou "SAI PRA LÁ, CRENTE GELADEIRA", copiadas do Marco.

No ano de 2002 ele criou a extinta CEPIB ( Central Evangélica de Pregadores Itinerantes do Brasil ), a intenção, segundo ele, era ajudar a divulgar quem estava começando no ramo da pregação. Por "míseros" R$ 150,00 de inscrição, mais mensalidade de R$ 30,00, qualquer um que se achasse pregador poderia fazer parte da equipe "É hora de semear Fogo" do Pastor Marco Feliciano, com direito a 100 cartões de visita, uma credencial personalizada de conferencista e divulgação no site e na revista Tempo de Avivamento. E eu embarquei nessa também.

Página da CEPIB, que hoje já não está mais no ar.

O material demorou um pouco pra chegar, mas quando chegou eu olhei pra tudo aquilo e achei uma babaquice o que eu estava fazendo, eu realmente senti vergonha daquilo tudo, nunca consegui dar nenhum dos 100 cartões de visita para alguém. Nunca usei nada daquilo, sempre achei muito feio ficar copiando as coisas dos outros e vi que estava passando dos limites. Sei que é uma bobeira minha, que talvez não tenha nada a ver, mas é que eu não consigo. Só recebi um email de convite para pregar originado da divulgação no site da CEPIB; um pastor dos E.U.A perguntando quanto eu cobrava pra pregar em um Congresso de Jovens de uma igreja dele em Santa Catarina. Eu disse que não cobrava nada, só o combustível. Ele mandou um outro email elogiando-me por não cobrar. Disse que a atitude era inédita pra ele, mas também não me convidou definitivamente.

Em 2005 eu estava casado a 4 anos e meu primeiro filho estava com 2 anos. Em abril daquele ano resolvemos ir conhecer de perto o famoso Congresso dos Gideões Missionários da Última Hora. Daí eu pensei comigo : __ É agora que eu vou usar essa credencial pra alguma coisa !

A minha intenção era ter acesso a um lugar no altar do ginásio, pra não ficar em pé no meio daquela multidão e poder estar mais perto dos meus “ídolos”(imaginem só). Enfrentei uma fila enorme cheia de pastores e cantores que aguardavam pegar a credencial que dava acesso ao pulpito, quando eu cheguei no balcão apresentei minha credencial informando que eu era da equipe do Pr. Marco Feliciano; o senhor que me atendia disse simplesmente que aquela credencial não valia nada ali e que não era reconhecida pela Convenção do Sei Lá o Quê. Baita vergonha eu passei. Ainda insisti dizendo que eu era pastor (pois naquela época eu dirigia uma pequena congregação em Centenário do Sul-PR), mas não teve jeito. Coitado do Marco, pela recepção que notei ao citar o nome dele, se brincar nem ele entrava.Mas tudo bem ! Isso foi na sexta-feira, no domingo eu tentei de novo pegar uma credencial de acesso, mas o homem lembrou de mim e repetiu a mesma conversa. Mas de repente a mulher daquele senhor que me atendia entrou na conversa com um assunto que não tinha nada a ver, mas que foi meu passaporte de acesso para a área “VIPGospel”. Eu nasci com 24 dedos, sendo 6 dedos em cada mão e em cada pé. Sou da descendência do gigante Golias (I Crônicas 20:6). Aquela mulher achou aquilo esquisito e pediu pra ver meus dedinhos, o marido dela também interessou-se, daí nós batemos o maior papo, demos umas risadas e pronto: cartão de pastor na mão. O quê a credencial de R$ 150,00 não fez, meus dedos que sempre estiveram comigo fizeram. RSRSRSRS !!!

Eu e minha esposa no altar do GMUH. Sonho infantil realizado.
Foi lá no altar que conheci pessoalmente o Marco Feliciano. Disse que era da CEPIB e ele falou animado : __ Opaaa !! Esse é nosso obreiro!!! Logo eu pensei : R$150,00 + 30,00/mês. Mas tudo bem !! Disputado como ele já era, me perguntou como ia meu ministério de pregação, disse umas breves palavras de incentivo e sugeriu: __ Vamos tirar uma foto ? Era o sinal pra mim procurar o meu rumo né ?! Nos despedimos e foi só isso, nada mais.

Naquele evento não conheci pessoalmente somente a ele mas também a outros membros da “quadrilha” (como diz a imprensa). O Rafael Octávio, que era acessor do Marco, e o André Oliveira, sujeito simpatississimo, com quem tive a oportunidade de almoçar lá em Camboriú e mantive contato por telefone até um bom tempo depois. Esses dois estão agora sendo acusados de serem acessores parlamentares do Deputado Marco Feliciano e não cumprirem a carga horária do cargo, trabalhando apenas na igreja. 
Eu à esquerda com o Pr. André Oliveira, e à direita com Rafael Octávio.

Então o quê posso dizer da pessoa do Marco Feliciano é que é um baixinho invocado mais muito gente boa pra se conversar, que nem de longe é homofóbico, muito menos racista. Apenas fala demais, justamente por ser um pregador. Ele vive mais falando que qualquer outra coisa, então é natural que em mais de 10 anos de palestras tenha dito muitas bobagens que nada têm a ver com o Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Da maneira como é requisitado, ainda bem que erra, pois senão já teria se tornado um “deus”.


Com o passar dos anos, continuei me dedicando ao estudo da escrituras e hoje o estilo da pregação do Pastor Marco já não me apetece mais. A muitos anos que não ouço uma mensagem dele. Para mim ele é um ótimo contador de histórias, mas sem a profundidade bíblica suficiente para alguém que queira realmente estar firmado na Palavra. Mas sou de certa forma grato a ele em Cristo pelo tempo que me fortaleci na força do Senhor, atravéz da sua intrepidez e entusiasmo.

Marco Feliciano, de Pastor a Deputado

No 24º Congresso Gideões Missionários da Última Hora, (GMUH), há 7 anos atrás. O também famoso pregador Elson de Assis, aconselhou o Pr. Marco Feliciano para não se envolver com a política. Em seu discurso, o orador disse que Feliciano devia servir ao “Leão” da tribo de Judá e não ao Boi (que contextualizando, representaria a política). ““Quem tem ministério não fica preso a Boi” afirmou Elson. 

 
Elson de Assis aconselha Marco a não entrar na política.


Ao ouvir a palavra, note no vídeo, o Pr. Marco Feliciano vibra e aponta para o céu. Elson, podemos concluir que: teve a maior decepção de sua vida. Eu também não concordo com a indicação de obreiros, principalmente, evangelistas e pastores para se candidatarem a cargos, tanto ao Executivo quanto ao Legislativo. Essas pessoas têm chamado específico e não deviam envolver-se com outra área que não seja a pregação da Palavra de Deus. Não entendo, sinceramente, como aqueles que tanto queriam ser ministros conforme 1 Timóteo 3.1-16, migram rapidamente à política partidária.
Estão frustrados com o ministério que tanto pretendiam, ou o poder deste mundo é mais gratificante?! Será que não existem entre os membros “normais” das igrejas, pessoas que possam representar-nos, nas Câmaras, nas Assembleias e no Congresso Nacinal, sem precisar diminuir o quadro já tão resumido de obreiros?

Acredito que tudo o que o pastor Marcos Feliciano hoje atravessa, pelo que vejo, infelizmente, é fruto de sua desobediência ao aviso celestial. Se tivesse permanecido apenas nos púlpitos, poderia estar pregando normalmente contra o pecado, sem passar nem metade dos problemas que tem passado.
Ademais, pelo menos o casamento Gay já é uma batalha perdida, não tenham dúvida. Todo este movimento contrário da Igreja é válido somente para declarar ao mundo a opinião de Deus sobre o assunto. Todavia, ele vai ser aprovado até pelo próprio cumprimento das Escrituras. Pois como podemos lutar contra o que os homossexuais querem, sendo que o próprio “Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;”(Romanos 1:28).
 
No entanto, não deixemos de orar pelo querido Pastor Marco, para que o mesmo se recupere desse momento turbulento, e volte a ser aquele homem que Deus tanto  usou.

Em Cristo,

Eder Moia







       


  







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